Leucemia promielocítica aguda: caracterização de alterações cromossômicas por citogenética tradicional e molecular (FISH)
Sagrillo, M.R. ; Cardoso, S.H. ; Silva, L.R.J. ; Graça, C.H.N. ; Ferreira, E. ; Hamerschlak, N.; Guerra, J.C.C. ; Bacal, N.S. ; Andrade, J.A.D. ; Borovik, C.L. ; Leucemia promielocítica aguda: caracterização de alterações cromossômicas por citogenética tradicional e molecular (FISH) ; Rev. bras. hematol. hemoter. Ano 2005; nº27; vol. 2; pag.94-101.
“Estudos de marcadores de superfície mostram que as
células da LPA têm um padrão distinto quando comparado
a outras LMAs. Ocorre alta expressão de antígenos mielomonocíticos(CD13, CD15 e CD33) e ausência de expressão
de antígenos monocíticos (CD14, incluindo My4, Leu M3 e
Mo2) e HLA-DR.” (p.94)
“Na maioria dos casos, os pacientes apresentam sintomas
relacionados à anemia, trombocitopenia, organomegalia
e distúrbios da coagulação.8 A primeira manifestação clínica
em LPA é a leucopenia e na variante da LPA é a leucocitose.9
Outras características menos freqüentes são observadas em
15% a 20% dos pacientes e infiltração no sistema nervoso
central e na pele são achados raros.” (p.95)
“Utilizando a técnica de FISH pode ser aplicada para determinar
a origem clonal das leucemias, monitoramento da eficácia da
terapia no tratamento, detectar a presença de doença residual
mínima seguindo a terapia, identificar recaída da doença,
detectar anomalias cromossômicas numéricas, bem como
amplificação e deleção de genes.” (p.95)
“Para obtenção de cromossomos metafásicos em amostra
de medula óssea, utilizaram-se os procedimentos técnicos
tradicionais. Resumidamente, as amostras foram semeadas
em meio de cultura (RPMI 1640-Gibco/ MEM alfa-Gibco/ Soro
Fetal Bovino-Gibco), incubadas por 24 a 48 horas a 37ºC e
submetidas a tratamento com colchicina, hipotônica e fixação.
Em seguida o material foi pingado sobre lâminas.” (p.95)
“De acordo com os resultados obtidos através da
hibridização das sondas gênicas em amostra de indivíduos
normais (controle negativo), foram considerados como positivos,
isto é, com a t(15;17), os casos que apresentaram mais
de 10% dos núcleos ou metáfases com um sinal verde, um
sinal vermelho e um sinal verde/vermelho coincidentes.” (p.96)
“Resultou também que a análisepor FISH foi possível nas dez amostras que não apresentaram células em metáfase e em nove foram observados sinais compatíveis com a fusão PML/RAR. Em quatro casos comcariótipo normal, a análise por FISH confirmou a ausência dorearranjo citogenético e, em dois casos com anomalias confirmadas.” (p.96)
“Em nosso meio, a análise citogenética em pacientes
com suspeita de leucemias com o objetivo
clínico-terapêutico vem evoluindo exponencialmente
no decorrer da última década. De fato, enquanto
seis casos com suspeita de LPA foram encaminhados
no intervalo de dois anos e meio (1993 a 1996), durante o ano de 2002 realizamos estudo citogenético em treze casos. Interessante notar que Chaufaille et al (2001)19 selecionaram 13 pacientes
com LPA no período de 1996 a 1999 e 42 pacientes
quando esse período se estende de 1997 a 2003.” (p.97)
“Em nossa amostra, a análise cromossômica
foi possível em 37 casos, dos quais 23 (62%) apresentaram
a t(15;17). Quando incluímos a análise
por FISH dos dez casos que não apresentaram
metáfases, a freqüência do rearranjo PML/RARé
de 72.3% (34 dos 47 casos).” (p.98)
“De fato, em três casos de
nossa amostra, a t(15;17) só foi observada durante
a revisão das fotos ou imagens digitalizadas. Por
outro lado, as células que entram em divisão durante
a cultura podem não ser derivadas dos
promielócitos anormais, não contendo, portanto, a
alteração cromossômica.” (p.98)
“A análise citogenética clássica ou molecular realizada
em 13 pacientes durante o acompanhamento terapêutico permitiu
a detecção de recaída em sistema nervoso central (SNC)
em um paciente. Neste caso, a análise por FISH em amostra
de líquido cefalorraquidiano mostrou sinais compatíveis com
a fusão em mais de 90% das células, enquanto a análise por
PCR em amostra de sangue periférico revelou-se normal. Vinte
e nove dias após este último exame, o teste de FISH em
amostra de medula óssea mostrou sinais compatíveis com a
fusão PML/RARem 15% das células, confirmando uma recaída
sistêmica.” (p.100)
“Foi concluído que, quando aplicada a técnica de
FISH nos casos que não apresentaram metáfases adequadas,
esta freqüência aumenta para 72,3%. A presença de alterações
cromossômicas adicionais ou complexas foi observada
em 15,8% dos casos. Interessante notar que, em nossa
amostra, em 10% dos casos encaminhados com suspeita de
LPA, a análise citogenética molecular afastou a presença do
rearranjo PML/RARa.” (p.100)
“E que o método de FISH tem se tornado rotina na prática
clínica para confirmar alterações cromossômicas específicas
e definir alterações mesmo quando a análise clássica não
apresenta resultados satisfatórios. A análise por FISH pode ser realizada em diferentes tecidos e, por ser um método quantitativo,permite inclusive a detecção da recaída da doença.”(p.100)
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